segunda-feira, 30 de maio de 2011

O Amor Oculto - Nei Leandro de Castro

Um poema do aniversariante do dia: NEI LEANDRO DE CASTRO.

Pra quem não o conhece (e seguindo um pedido da minha amiga Debs), um pouco da Biografia dele:  é um escritor brasileiro, particpante do movimento poema/processo. É formado em direito, mas dedicou-se à publicidade. Foi um dos fundadores da revista natalense CACTUS. Tem vários livros de poesia publicados, boa parte deles voltada para o erotismo, como Zona Erógena e Era uma Vez Eros. No gênero romance, escreveu O Dia das Moscas, As Dunas Vermelhas e As Pelejas de Ojuara, este inspirado na cultura popular sertaneja, foi premiado pela União Brasileira de Escritores e adaptado ao cinema em 2007 sob o nome O Homem que Desafiou o Diabo. Em 2009, lançou seu último livro: A Fortaleza dos Vencidos.




O AMOR OCULTO, por Nei Leandro de Castro

Onde se oculta o amor oculto?
Nas franjas do mar? Na cortina dos cabelos?
Faz bem à alma tocar o seu corpo ou simplesmente vê-lo.
O amor oculto tem um sorriso que lembra sons de flauta e de guizos.
Seus olhos escuros, dissimulados, são promessas de ternura, carícias e pecados.
O amor oculto percorre caminhos, trilhas, ama a natureza e é livre, solto, felino como uma tigresa.
Como se veste o amor oculto?
Roupas escuras? Calça jeans? Blusa amarela?
Se é oculto, como dizer o nome dele ou dela?
Como me surge esse amor oculto? De que jeito?
Tem uma dália tatuada sobre o peito? Escala falésias?
Dança conduzida pelos vinhos?
Devora com prazer, muito prazer, a sobremesa?
O amor oculto sonha como poeta e quase foi princesa.
Quero que o seu sorriso e seu olhar me afaguem com a doçura e a delicadeza dos bombons da Kopenhagen.
O amor oculto se esconde em montanhas, se perde na neblina, mas seu sorriso permanece e ilumina.
É ninfa de patins dobrando a primeira esquina.
O amor oculto surge, sem pedir licença, nas minhas horas matinais.
E permanece pela tarde, pela noite, e quer mais, sempre quer mais.
O amor oculto é tranqüilo, discreto, não gosta de palavrão, exceto os gritados nas horas desvairadas da paixão.
É embriaguez em loja de louças, absinto em xícaras azuis.
O amor oculto emerge de crateras, quimeras, vestido de luz.
O amor oculto faz questão de não ser, não estar, não vir à tona.
De repente, monta e grita e esporeia e cavalga como uma amazona.

Um comentário:

  1. Que coincidência! Eu conheci o Nei Leandro pessoalmente, quando ele ajudou meu grupo num projeto do curso de Publicidade. Além de ótimo escritor, ele é muito gente boa! =)

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